segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Artigo de Opinião campeão da OLP 2010

A VIOLÊNCIA ADENTROU OS MUROS DE NOSSAS ESCOLAS: E AGORA?

A violência pode ser designada como uma transgressão da ordem e das regras da vida em sociedade, e esse conceito se aplica com eficácia ao que tem se visto ultimamente em nossa Cruzeiro do Sul, cidade que, apesar de pequena, já vivencia dramas outrora associados mais a grandes metrópoles, como assaltos, assassinatos, estupros, dentre outros.
Essa nova realidade que temos vivenciado é preocupante, mas se torna ainda mais assustadora quando percebemos que a escola, espaço antes reservado à formação de cidadãos aptos para atuar de forma ativa e pacífica no meio social, também está sendo invadida por ocorrências policiais. Além das já conhecidas depredações, vandalismos e agressões verbais, agora é a vez da agressão física, como bem pode exemplificar o caso da aluna de 14 anos agredida e esfaqueada pela colega de turma da escola Thaumaturgo de Azevedo.
Esse fato em específico, bem como os casos de elementos armados em busca de vítimas no interior da escola Craveiro Costa, tem preocupado a população cruzeirense de forma geral. A pergunta que eu faço é: “Podemos fazer algo para mudar essa realidade?”.
A voz de quase todos apela para a presença de seguranças armados nas escolas. Outros acham que é a educação para a paz que pode resolver o problema. Ainda há aqueles que veem a família como a chave da resposta, desde que volte assumir seu papel de educadora. Os mais descrentes na ação humana dizem que só Deus para reverter a situação.
Para a diretora do colégio Craveiro Costa, Maria Íria Matos Bandeira, a violência é um problema da escola e de todos, mas não concorda que a repressão resolva. Segundo ela, a parceria com os pais de alunos e com o Conselho Tutelar e a presença de psicólogos e assistentes sociais no ambiente escolar seriam as principais ferramentas a serem usadas no combate que empreendemos atualmente.
André Kamai, assessor do governador Binho Marques, entende que o maior poder de interferência nessa realidade está nas mãos da escola. Diz que esta deve incidir na vida dos jovens de forma direta e em sua plenitude, para que dessa forma o jovem se sinta parte da escola porque nela constrói seu projeto de vida.
Pessoalmente, acredito que esse seja definitivamente um problema de todos e todas as formas de atuação que pensamos poder resolvê-lo devem ser postas em prática o mais rápido possível. Por isso, considero positivas ações como a passeata realizada há poucos dias pelas escolas Maria Lima e Craveiro Costa nos bairros onde estão instaladas, Cobal e Remanso, respectivamente, considerados dos mais violentos do município e que interferem no dia a dia destas escolas, através de vândalos e agressores que invadem as dependências das mesmas.
Sou também a favor da criação de uma Guarda Escolar que atue no sentido não de reprimir ou intimidar, mas de garantir a harmonia na escola e nos arredores dela. Apoio ainda a presença dos pais nos colégios, a iniciativa de oportunizar aos estudantes a sugestão de medidas que considerem capazes de apaziguar os ânimos dentro da instituição em que estudam e principalmente trazer diferentes profissionais que reconhecidamente possam assegurar aos educandos uma oportunidade de serem ouvidos nas suas angústias.
Não concordo em absoluto com os que acham que só Deus pode resolver a situação, ou seja, que todos cruzem os braços achando que não tem mais jeito. Temos que acreditar no amanhã e na força do nosso trabalho consciente; se não acreditarmos nisso, então para que esse grandioso projeto, repleto de paixão, sonhos e esperança, que é a educação? Estamos falando do futuro – isso não é brincadeira!
O problema, como já foi dito, é de todos; então toda a sociedade cruzeirense (para ficar mais restrito) deve cumprir seu papel no sentido de formar nos jovens a cultura da não violência, restituindo à escola a paz que antes reinava dentro de seus muros, e, assim, por consequência, estaremos alcançando também seu além-muro.
Mateus Albuquerque de Souza, aluno do 2o ano do Ensino Médio da Escola Craveiro Costa, para a Olimpíada de Língua Portuguesa 2010.

Um comentário:

  1. Realmente Mateus, todos são responsáveis para que tenhamos uma sociedade melhor e a escola possa realmente ser um espaço para que o conhecimento possa modificar a realidade que nós vivemos. Parabéns pelo texto.

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